segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Chalana

Num final de tarde da primeira metade da década de 80 conheci um dos narizes mais famosos do país.
Não era o Júlio Isidro quem me cumprimentava na sala da minha avó Catarina.
Era o Chalana.

E quando falo num dos narizes mais famosos, também podia muito bem escrever "bigodes", "cabelos" ou "anões", mas é justo que escreva "jogadores".
Um dos mais famosos jogadores portugueses dos Anos 80.

Fernando Chalana era primo da minha tia Cristina, casada na altura com o meu tio Afonso, irmão da minha mãe, filho da minha avó Catarina, só para explicar como ele aparece na sala da minha avó.

Foi um cumprimento rápido, duas ou três palavras, nenhum fascínio da minha parte.

Eu era um adolescente que só dois, três anos antes passara a ligar mais ao futebol e tinha decidido ser do Sporting até final da minha vida, por isso, ver ali o pequeno grande jogador do Benfica, não teve o mesmo nível de frisson que teria se visse, diria, o próprio Júlio Isidro, só para voltar ao início do texto.

Não há nenhuma razão coerente para ter dado início a esta nova rubrica "Cromos da Bola" com o Fernando Chalana, mas estamos a falar de um dos mais brilhantes extremos do futebol português antes do tempo do Figo, do Quaresma, Rui Barros, Cristiano Ronaldo e até do Futre.

O Pequeno Grande Genial

Encantava o Estádio da Luz com as suas fintas em velocidade e teve os seus momentos mais gloriosos ao serviço da Selecção Nacional no Euro 84, em França.
A arte do seu pé esquerdo levou-o de novo a França, contratado pelo Bordéus, na que foi uma das primeiras grandes transferências com jogadores nacionais, e com uma pipa de massa que permitiu fechar o terceiro anel do Estádio da Luz.

Ficou também conhecido como o "Pequeno Grande Genial" em Portugal ou "Chalanix" em França, pelas suas parecenças narigudas com a personagem de bd "Astérix".
E no final da carreira tornou-se mais falado pela sua atribulada relação conjugal do que pelas suas jogadas (acabou no Estrela da Amadora).

Foi o tempo de Anabela, a esposa que mandava lá em casa e até na carreira dele.
Há quem diga que foi a sua Yoko Ono ou a sua Kryptonite, mas não vou julgar.
Isso era meter o nariz onde não sou chamado.

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ZÉ CARIOCA

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Bye Bye Love - Everly Brothers

Esta é provavelmente a canção de desgosto de amor mais alegre de todos os tempos.
"Bye Bye Love", cantada em festa pelos Everly Brothers.
Se calhar o amor não era grande coisa...

Tema de 1957 - o que constitui uma das maiores cambalhotas no tempo efectuadas neste blog -, foi considerada uma das 500 melhores músicas de todos os tempos e teve inúmeras versões, a mais conhecida, de George Harrison.

Os Everly Brothers eram formados pelos irmãos Don Everly, misturavam rock e country e fizeram muito sucesso nos anos 50, os chamados "anos dourados", mas não os meus anos dourados dos Anos 80.

Separaram-se em 73 (não em 73 pedaços, mas em 1973), mas regressaram 10 anos depois com um álbum produzido por Paul McCartney que fez sucesso nos dois lados do Atlântico, e repare-se que não estou a falar de Cancún e do Seixal.

Para além de me apetecer partir a aparelhagem sempre que ouço o tema após separações amorosas (e eu separo-me muitas vezes), até acho o tema simpático.
Mas prefiro o "Wake Up Little Susie" que eu utilizava para mandar o meu irmão para a escola.

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Os Strumpfs (ou Smurfs)

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Pasta Medicinal Couto

Era a pasta que andava na boca de toda a gente.
Prova de que não existia a ASAE e as questões higiénico-sanitárias eram preocupações de mariquinhas e betinhos.

A Pasta Medicinal Couto, a primeira grande pasta dentífrica de Portugal, que conhecemos através de míticos anúncios publicitários, ainda existe, apesar dos seus 83 anos, idade em que já não há muitos dentes para lavar.

Há três anos, o principal accionista da Couto, garantia que a pasta continuaria a ser vendida até 2017, pelo menos.
Depois deverá ser vendida.
Não sei se à Colgate, à Sensodine ou à Elixir Mágico.
A Elixir Mágico é uma marca de dentífricos que lançarei em breve, à base de uma aguardente de tremoço que se bochecha e deixa os dentes branquinhos como a neve.
O nosso mote vai ser "se lavar os dentes, não conduza".

Já a Pasta Medicinal Couto, para além do orelhudo slogan "anda na boca de toda a gente", tinha também o tal anúncio em que um dançarino negro agarra uma cadeira pelos dentes, para mostrar que tem presas fortes, como um leão.

Adoro a sensação de frescura na boca, sempre que acabo de lavar os dentes, mas até hoje não me apeteceu mordiscar a perna da mesinha de cabeceira ou o armário onde guardamos os chinelos.
E até lhe diria para que não repita o que se vê no filme, em casa, mas, honestamente, não quero saber.
Força com isso.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Quando eu era Princesinha

As memórias que recupero hoje foram tabu até há bem pouco tempo.
Como quase todos os homens deste mundo tive a minha fase travesti.

Aconteceu uma única vez por volta dos meus três aninhos, isto se se considerar irrelevante dois anos na adolescência em que ia para a escola com a lingerie da minha mãe.

Quanto ao momento retratado acima, aconteceu por volta de 1973, 1974.
Vestido com uma espécie de... unn... vestidinho curto, uns sapatinhos ortopédicos que mais parecem umas sabrinas, meias branquinhas puxadas bem para cima, como se fossem collants e com um cabelinho comprido e sedoso, eis o pequeno Johnny transformado em princesinha da classe média!

Esta linda menina de pernoca bem aberta na varanda do seu 3º direito, e que por pouco não seguia o exemplo do filho do Nené, contentava-se a brincar com... molas de roupa!!

E diz a lenda que permanecia assim, entretido com tão pouco, horas a fio, podendo até os meus pais ausentarem-se para um fim de semana em Benidorm que, quando viessem, lá estaria eu na mesmíssima posição, embora sub-nutrido, e possivelmente mijado e cagado pelas perninhas abaixo...

Há que dizer aos nojentos pedófilos que têm estado a ler isto de braguilha desabotoada, que o menino/princesinha da foto cresceu, é um heterosexual de 44 anos e só frequenta o Parque Eduardo
VII por alturas da Feira do Livro e mesmo assim nem sempre.
Mas por hoje chega de falar de gajas boas, isto é, de mim.

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CAPITÃO HADDOCK

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Os Tesourinhos Fascinantes

Felizmente existem sótãos.
E feiras de antiguidades.
E gente que não deita nada para o lixo, pessoas que, inclusive, não deitam para o lixo o próprio lixo.

São nestes habitats de velharias que podemos encontrar os míticos tesourinhos fascinantes.

Rubrica do "Pretérito Perfeito", estreada a 14 de Setembro com a bicicleta BMX, "Tesourinhos Fascinantes" é uma espécie de sotão virtual.
É certo que não poderá tocar em nada do que aqui trarei, mas, por outro lado, também não vai sujar as mãos com pó e teias de aranha.

Nesta série de postagens que há-de prosseguir em breve, poderá encontrar aqueles brinquedos de infância que desapareceram como magia, ou outro tipo de objectos ainda não catalogados como 'vintage' mas que já deixam saudades... porque nunca mais os vimos!

A imagem ali de cima, por exemplo.
Sabe o que é?
Trata-se de "O Sabichão", um engenhoso jogo da lendária Majora, que consistia num conjunto de perguntas e respostas moderadas por um bonequinho azul, um sábio, de varinha em riste, que apontava para as respostas certas graças a um magneto inserido no tabuleiro de cartão.
Tanto jogo que foi estragado pelos petizes mais intrigados pelo funcionamento da coisa!

Possivelmente o mesmo tipo de gaiatagem que descolava os autocolantes do Cubo de Rubik, para colar os da mesma cor na mesma face...

Possivelmente os que pedalaram uma BMX, lançaram um disco voador, pentearam um Pequeno pónei, aqueceram a comida numa cloche, gravaram compilações em cassetes, torceram o nariz quando viram uma Bota Botilde, brincaram com os carrinhos da Matchbox, com legos e Barbies, castelos de Grayskull, colaram cromos da bola, cuidaram de um Tamagotchi ou espreitaram por um encantado View Master?

"Tesourinhos Fascinantes".
Mais um bom momento nostálgico no "Pretérito Perfeito".

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PATO DONALD

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

The Riddle - Nik Kershaw

A letra deste sucesso esquecido dos Anos 80 merecia uma aula de Semiótica com o Professor Luís Carmelo.

Carmelo foi meu professor na Universidade Autónoma, e a impertinência e delírio da suas aulas foi o mais perto que cheguei das drogas duras.

Este "The Riddle" (enigma, em tradução livre) tem umas 993 palavras e outras tantas ideias difusas que, de acordo com o próprio Nik, não têm significado algum.

Ainda assim, graças à paciência, poliglotismo e a inusitada vontade de se voluntariar como escriba do primo Carlitos, aka "Carocha", que um dia chegou lá a casa com umas folhas A4 com a letra desta e de outras musiquinhas pop da altura, cheguei a ter esta canção na ponta da língua.
O mal é que depois usava a garganta para entoá-la desafinadamente.

Tema de 1984, "The Riddle" resultou num vídeo ainda mais espatafúrdio que a letra, não esquecendo que o próprio Nik contribui para o kitsch do quadro, com aquele cabelo espetado e aquele olhar à caçador de lebres do Polo Norte.

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ASTÉRIX

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

A Pena Branca


Esta podia ser a história de uma índia ainda mais bonita que a Pocahontas, mas não é.
O que se segue é um exercício de escarafunchanço na memória, no sentido de relembrar o que significava para os petizes pinhalnovenses a mítica Papelaria Pena Branca.

Tem graça este texto seguir-se a um "Poster" do Tio Patinhas, porque este era, sem dúvida alguma, um dos templos Disney no início dos saudosos Anos 80.

Eram os dourados tempos do Ciclo Preparatório - ainda hoje aqueles que considero os mais felizes de sempre - e a Pena Branca ficava logo ali, do outro lado da estrada.
E não havia, como agora, todas estas restrições para quem queria sair da escola e empaturrar-se com os chupas, pastilhas elásticas e mil outras guloseimas que um senhor vendia numa mota ali estacionada e onde, ainda assim, o que se destacava era a excitante corrida às cadernetas de cromos.
Lembro-me das colecções de cromos da bola, dos desenhos animados da tv e até de uma obscura colecção de kung fu que tinha muito saída.

Em matéria de guloseimas, para além das pastilhas elásticas Gorila e Pirata, dos Sugus e sei lá mais o quê, eram os gelados em cubo que faziam as delícias dos putos e entupiam a pequena Papelaria.
Os gelados, de sabores simples, eram feitos ali mesmo e guardados numa arca frigorífica, e não haá quem se tenha esquecido destes mimos de uma outra existência.

As Dezenas de Edições Disney e Outros Sonhos

Um dos objectos que tenho mais saudades dos Anos 80 é aquele expositor giratório com revistas Disney.
Tenho tantas saudades que doem e, vá lá, são mitigadas em sonhos infelizmente raros e, por isso mesmo, preciosos.

Sei que as revistas Disney estão de volta às papelarias e quiosques, mas não me falem disso que não tenho tempo nem espaço para explicar que não é, de todo, a mesma coisa.

Dantes é que era!
Juntavam-se as edições brasileiras com as primeiras portuguesas, e havia Zé Cariocas, Patos Donald, Tios Patinhas, Mickeys, Patetas, Almanaques, Disneys Especiais e numa cadência regular de novas edições como se a fábrica fosse eterna, como se chovessem gibis, como dizem os brasileiros.
Era possível comprar uma revista nova praticamente todo o santo dia, houvesse orçamento para isso.

E também havia algumas Mónicas, Cebolinhas e afins, e os heróis Marvel, mas eu queria era aquela familia de patos, ratos, cães, papagaios e muitos outros que se vestiam e falavam como as pessoas.

Em resumo, com a falta do muito que a memória apagou, a Pena Branca era uma casinha branca por fora e colorida de sonhos por dentro.
No Inverno havia guarda-chuvas de todas as cores, no Verão, bóias, barbatanas e outras coisas de praia ainda mais coloridas e a lembrar que as Férias Grandes estavam quase aí.

E havia aquelas borrachas coloridas com cheirinho a pastilha elástica.
Se fizesse um top com os objectos mais fofinhos dos Anos 80, estas borrachinhas que davam vontade de comer, ou pelo menos snifar como se fossem estupefacientes, estavam lá em cima, muito bem classificadas.
E também havia na Pena Branca.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Nescafé - Um Amanhecer Diferente

A escola, em meados dos Anos 80, não era um trabalho, mas não deixava de proporcionar momentos de stress, em especial quando na mesma semana havia testes de matemática, de história, inglês e fisico-química.

Para além do mais, por esta altura, já tinha perdido a aura de brilhar nos testes sem estudar uma pevide, como acontecera no Ciclo Preparatório.
Junte-se uns pais controladores das notas do teste como se fossem uma Standard & Poors, e obtemos um estudante à beira do psicólogo.

Mas depois havia este anúncio.

Ao mesmo tempo desanuviador do stress do quotidiano e espaço zen dos blocos publicitários, "Nescafé - Um Amanhecer Diferente" tinha uma menina bonita, um café quentinho, um nascer do sol fofinho e Johnny Nash a cantar "I Can See Clearly Now".

Inesquecível!

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TINTIN

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Sete Noivas Para Sete Irmãos

Ora aqui está uma série de televisão que escapou à maior parte dos blogs dedicados à nostalgia.

"Sete Noivas Para Sete Irmãos" era uma série bem humorada, cheia de gente, pelo menos uns 14 se não me falha a matemática, que foi transmitida ainda na primeira metade da década de 80 em Portugal.

Passava ao início da tarde de sábado (ou era domingo?) e tinha um tom ligeiro, sendo uma adaptação do filme de 1954 com o mesmo nome para o pequeno ecran.

Pouco encontrei na internet sobre esta série - e a memória também não ajuda -, mas uma das curiosidades encontradas referia-se à participação de Richard Dean Anderson, o eterno "MacGyver", que já vai com 65 anos...

Essa sim, uma série com mil e uma histórias para contar no "Pretérito Perfeito" e neste "Série Inesquecíveis", rubrica que estreia hoje no nosso blog.

Mas voltemos ao "Sete Noivas para Sete Irmãos" para finalizarmos com algumas imagens nostálgicas.
Cá vão elas:

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

O Pelé do Bairro

O mais perto que estive de ser um Cristiano Ronaldo foi quando participei nos treinos de captação para Juvenis do Pinhalnovense.
Não fiquei.
Primeiro, porque era já o segundo ano de juvenis, eles tinham uma base, e eu era basicamente uma nódoa nos treinos nocturnos porque já não via um boi.

O mais longe que estive de ser um Pelé, ou um Messi, foi na Primária e no Ciclo Preparatório, quando era o último a ser escolhido, a menos que fosse o dono da bola.
Nesses casos era o penúltimo.

Pelo meio, houve muitas e boas histórias.
As primeiras só para a fotografia, como na foto acima, de 1975 ou 1976, tirada no que era o Largo José Maria dos Santos, o actual Parque do Pinhal Novo.

Jogar à bola foi sempre a minha brincadeira preferida.
Depois da escola e até à hora de jantar, jogava-se com balizas pequenas, feitas com as mochilas ou com pedras, ou até com dois gordos inaptos para a coisa.

Jogava nas ruas, nos rinques, debaixo dos eucaliptos junto à linha férrea, na escola,na praia, em terraços e até dentro de casa naquilo que deveriam ser intermináveis tardes de pesadelo para os vizinhos do 2ºdto, o andar de baixo.

E tanto joguei que hoje posso dizer que cheguei a ser o Pelé do bairro.
Aquele que marcava golos atrás de golos, dono de uma velocidade que "deixava a bola para trás", como dizia o meu pai, ou como uma "gazela, como me chamavam os outros.

Jogos que valeram campeonatos

Mas os mais renhidos jogos eram os mano-a-mano.
Como a expressão indica, jogava um para um com o meu... irmão, aqui em casa.
Ou contra o primo Carlitos também no mesmíssimo corredor de tantas batalhas e contra o primo Zé, num terraço numa rua de vivendas.

O auge desta carreira atrás dos holofotes da fama foi por volta de 1987.
O FC. Porto tinha o Futre e tinha o caneco de campeão europeu, e eu fintava os outros meninos como o homem que agora faz publicidade a comprimidos para a erecção e marcava golos de calcanhar como o o argelino Madjer, o homem que agora faz não sei o quê.

E houve também uma fase, alegre, bizarra, de quase inaudita exuberância, em que juntava às mais espantosas jogadas o grito louco "SUPER TÉO!!"

Mas... que raio...

Eu explico:
"Téo" era personagem de um dos meus actores-fétiche brasileiros, Marcos Frota, na saudosa novela "Vereda Tropical", ou pelo menos era uma das transformações do "Teozinho", porque acho que era como "Cazuza" que ele jogava futebol com o "Luca"/Mário Gomes.

Mas o que interessa era que cada vez que marcava um golo, lá para meio da década de 80, junto aos eucaliptos , lá soava o grito "Super Téo".
Convenhamos que é mais engraçado que a posse à matador de CR7.
E olhem que seria apropriado, porque o antigo matadouro era ali ao lado.

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OS JOVENS HERÓIS DE SHAOLIN

Bicicleta BMX

À partida era uma guerra com derrota anunciada mas, ainda assim, estiquei ao máximo a minha juventude.
E já tinha uns 23 anos quando o meu meio de transporte para o trabalho era a velha BMX.
Uma bicicleta.
Mas não uma bicicleta qualquer.

As BMX foram um dos mais icónicos tesourinhos fascinantes dos Anos 80.
Versáteis e sobretudo coloridas.
Tão coloridas que eram quase bandeira gay, mas garanto que nunca pedalei sem selim.

A imagem acima, foi o que achei na internet mais parecida com a BMX  que eu tinha.
É do site "Custo Justo", mas não me ofereci para comprá-la.
Agora acho que fiz mal...

Hoje também um desporto, a BMX, acrónimo para Bicycle Moto Cross, caracterizava-se pelo encantamento visual e fácil condução, tanto que até uma pessoa com descoordenação motora como eu conseguia pedalar e chegar a algum lado com ela.

Cheguei a fazer bicicross amador e amalucado nas paisagens campestres do Rio Frio e a percorrer quilómetros até Alcochete.

E até tive acidentes.


Algures entre um pateta e um cavaleiro do asfalto

Houve uma vez que tinha combinado ir à praia com o Nelson (lá me convenceu dificilmente porque eu e a praia... enfim), e vinha do Pingo Doce com um saco de compras (pão, sumos, iogurtes, comida para a praia, claro está), pendurado numa das manetes do guidão, e sempre a rolar no passeio até que, uma senhora saiu do antigo posto de saúde (a caixa como lhe chamávamos) bem para a frente da minha BMX.
Só tive tempo de ziguezaguear atrapalhadamente, mas sem evitar que o saco de compras batesse ao de leve na senhora, fazendo com que me desequilibrasse definitivamente e caísse cinco, dez metros à frente.

Resultado:
Um raspanete e vários rasgões na pele, para além de um braço quase partido (algo que faz parte da vivência destes dias regressando ao futuro e a 14 de Setembro de 2015), e um telefonema envergonhado para o Nelson.
"Já não vou, caí de bicicleta, estou todo partido".

Ridículo.
Vale que anos mais tarde tive acidentes mesmo a sério.
À homem.

Mas estórias tristes à parte, lembro-me que os dias mais felizes com a BMX foram quando dava para levantar o quadro até uma posição patética mas algo inspirada nas Harley Davidson.
Percorria as ruas do Pinhal Novo como um jovem motoqueiro sem mota mas com pinta, julgava eu.

Foi um período breve, mas ainda hoje tenho saudade desses tempos de easy rider!

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DALLAS

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Número 100

                                             
Postagem nº 100 do "Pretérito Perfeito", dia de festa, apesar de ser 11 de Setembro.

A reprodução de memórias dos melhores anos das nossas vidas não tem sido intensa, desde que o blog foi apresentado oficialmente a 10 de Março, o que dá mais ou menos 14 postagens por mês, ou seja, sensivelmente dia sim, dia não, e ainda com a especificidade de metade delas ser a imagem que serve de Poster, mas enfim, fica o compromisso de intensificar a produção, nem que seja com recurso a mão de obra barata.

Tenho sempre, junto a mim, um caderno onde compilo os nomes de séries, filmes, músicas, objectos, memórias, e tudo o que tenha a ver com a cultura pop dos Anos 80 e de outros anos dourados e digo-vos, o baú está longe de estar vazio.

Nos próximos dias, nas próximas semanas, meses, quiçá anos, é de esperar muitas mais matérias, muitas mais recordações, por enquanto em jeito de compilação, mais tarde de forma mais aprofundada.

Pode não vir aqui ninguém, mas eu vou continuar a fuçar no passado, a lutar no presente e a acreditar no futuro.
Beijinhos e abraços.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Final Feliz

Tenho um carinho muito grande por esta novela.
Não porque a seguisse de fio a pavio, mas porque apanhou-me no início da adolescência, quando as hormonas começaram a pulsar, ainda que em modo soft, com as primeiras pinceladas de paixões platónicas.

Quando a novela passou em Portugal tinha uns 12,13 anos.
Estávamos em 1983 ou 1984.
Lembro-me que ia almoçar a casa da minha avó Catarina, depois de mais uma manhã de escola na Secundária do Montijo.

À hora de almoço, a RTP transmitia "Final Feliz" e apresentava ao país Lidia Brondi.
A Lidia era, na altura, o mais doce torrãozinho de açúcar do Brasil.
Por Deus, procure-a no Google.
E eu ficava ali na sala da minha avó, a vê-la na televisão, a suspirar como um pateta.

Ela era Suzy que amava o barbudo Paulo num amor... desencontrado.
Mas mesmo desencontrado.
Lembro-me de quase uma dezena de episódios, em que ele a procura por todo o lado, e às vezes passava por trás dele, outras na galeria do shopping mais abaixo, outras perdia-se na multidão.
E aquilo enervava-me, apesar da doce melodia de Fabio Jr. que embalava o amor daqueles dois.
Chamava-se "O que é que há" e foi um dos sucessos made in Brasil da época.

Tal como "Flagra", tema de Rita Lee que fazia a abertura e que passa às vezes na M80.

"O que é que há" é que nunca mais ouvi.
Aqui fica o link.

Quanto à história da novela e outras personagens, fica para uma outra vez.
Apetece-me agora fechar os olhos e recordar aqueles tempos.
E esperar hoje e sempre por um "Final Feliz".´

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FORT BOYARD

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Always on My Mind - Pet Shop Boys

Elvis pode não estar vivo (ainda ontem a senhora que me vende o pão achou que o tinha visto numa carcaça), mas foi sempre, e vai continuar a ser, fonte de inspiração até para duos mais dedicados à pop electrónica.

Até pela minha personalidade não sou, de todo, fã de versões.
Prefiro que não estraguem os originais que, por norma, é o que acontece.

Mas aqui está um caso em que prefiro, de longe, a versão ao original de Brenda Lee em 1971, ou do hit de Elvis em 1972.

Este contagiante "Always on My Mind", dos Pet Shop Boys (um grande nome para banda) é de 1988.

Nessa altura já eu seguia, encantado, a sonoridade dos Pet Shop Boys, o mais perto que eu cheguei da ruidosa vaga de músicas electrónicas que invadiram, então, as discotecas.
O que se parece agora um sonho, se comparado com o que veio depois:
Música sertaneja, kizombas e kuduros.

"Always on My Mind" teve múltiplas versões (até de Zezé di Camargo & Luciano com o título"Eu Só Penso em Você"... vomitar...), mas a dos Pet Shpo Boys foi a única a alcançar 9 primeiros lugares nos tops de todo o mundo.
Nem o Elvis da carcaça fez melhor.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Fantasias de Natal

Embora ainda em Agosto, estamos só quatro meses do Natal e quero ser o primeiro a desejar a todos, um Feliz Natal.
Faz melhor, Popota.

Afinal de contas, o Natal é quando um homem quiser e eu quis que fosse hoje.

"Fantasias de Natal" é um dos mais míticos anúncios publicitários alusivos à data.

Aparentemente direccionado para o público infantil, já que fala de chocolates de leite, trata-se, na verdade, de um bacanal animalesco, pois tem um gato a comer um peixinho, um cão atrás de um gato, e um coelhinho que embarca com um palhaço e o Pai Natal num ménage debochado.
Uma pouca vergonha.

De acordo com uma esforçada investigação na internet, fiquei a saber que este anúncio da Imperial (a dos chocolates, não a da cerveja), foi exibido durante 18 anos consecutivos.
Por alturas do Natal.
Só para continuarmos focados.

A grande estrela do anúncio era a netinha do avô comilão.
A lourinha Filipa Schlesinger tinha seis anos e, ainda hoje - como se pôde ver num "Perdidos e Achados" da SIC - trabalha na área da publicidade.

Aqui fica então o anúncio.
Feliz Natal.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

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ESPAÇO 1999

Ribeira - Jafumega

Nada como descomplicar:
A ponte é uma passagem para a outra margem.
É só isso.
E há sempre tanta coisa bonita para ver na outra margem!

Durante anos julguei que este velho hit dos Jafumega se chamava precisamente "A Ponte é uma Passagem".
E que se referia à Ponte 25 de Abril.

Pois chama-se "Ribeira", (1981) e nem Tejo tem debaixo da ponte.
Estamos pois no Porto e com um início de letra que parece publicidade aos Piquenicões com o Tony Carreira:
"O sol bate no goraz, nas sardinhas, nos legumes,
as laranjas e as maçãs enchem o ar de perfumes".

Foi em 1982 que os Jafumega lançaram o primeiro álbum, com sucessos orelhudos como "Latin'América", "Kasbah" e "Nó Cego".

Depois disso, houve só mais um álbum, de que se destaca o tema "Dolce Vita", e daí até final da carreira só restaram boas intenções.

Aqui fica então o clip de "Ribeira", ou, se preferir "A Ponte é Uma Passagem".
E é mesmo.
A eutanásia em bungee jumping sem elástico é outra estória.

sábado, 11 de julho de 2015

Férias em Almograve

Começo por constatar que esta foto tem quase 40 anos.
O que parece mentira.

E que já tive aquele tamanho, houve uma altura em que não tinha um único pelo no corpinho de Branco de Neve, e gostava a valer de praia.
O que parece mentira, mentira e mentira.

Almograve, litoral Alentejano, lá para 1977 ou 1978.
Ao lado do primo Zé Eduardo, ligeiramente mais tostado, exibia um barquinho de plástico verde que ainda está fundeado nesta memória perene.

Naquelas mini-piscinas naturais de água tépida, entre rochas aveludadas de verdes lismos, faziam-se as mais competitivas corridas náuticas de que há memória.
Ao pé daquilo, a America's Cup é para meninos.

Eu e o Zé brincámos muito ao longo de quase 20 anos, sempre muito competitivos, fosse nas raquetes, a jogar à bola, ou a beber leite com chocolate.
E ali discutíamos quem tinha os barquinhos mais giros, os que boiavam melhor e os que deslizavam mais rápido.

Sei que fomos para lá em matilha familiar, e alugamos, salvo erro, o primeiro andar de um prédio, não muito perto da praia, mas fazia-se bem a pé.

Acho que foi apenas por um fim de semana, mas aqui está uma prova fotográfica de que eu já estive em Almograve, no bonito Litoral Alentejano, muitos anos antes da horda de festivaleiros, ruidosos e peçonhentos, aterrar na Zambujeira do Mar.

Por outro lado, não havia, no Almograve dos anos 70, gajinhas bêbedas a levantar t-shirts para exibir as mamas...

Mas acho que, com sete anos, as brincadeiras com os barquinhos de plástico nas piscinas naturais, de água quentinha, era o que mais interessava na altura.

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SANDOKAN


quinta-feira, 9 de julho de 2015

O Carrocel Mágico

"E agora, para algo completamente diferente", uma viagem até início dos anos 70, para recordarmos juntos, aquela que foi, com quase toda a certeza, uma das primeiras séries de animação que estes olhinhos cansados viram:
"O Carrocel Mágico".

Os mais jovens leitores deste blog (hello... está aí alguém?) poderão pensar que este era mais um momento de exaltação das drogas divertidas que deixavam muita gente marada naqueles anos de calças à boca de sino, mas não.

Não pode haver nada mais inofensivo que uma série de bonecos que nem tiravam os pés do chão.
É verdade!
Aquilo que mais recordo (e que é  muito pouco) deste desenho animado, é o facto das personagens deslizarem pelo ecrã, lembrando-me claramente do cão Franjinhas, que assim fazia melhor trabalho a limpar a lente da televisão que qualquer mulher-a-dias...

A série é dos anos 60, de criação francesa, mas em Portugal foi em meados dos anos 70 que animou as tardes dos mais pequenos.

E agora...
Quereis viajar no tempo?
Quereis?

Aqui vai disto.

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VERÃO AZUL

Woodpeckers From Space - Videokids

Antes dos pica-paus virem do espaço, em bonitinhas melodias euro disco ou italo disco, já eu conhecia o velho Pica Pau dos desenhos animados.
É triste, mas é verdade...

Mas estávamos em 1984 e os pica-paus vinham agora do espaço (e com o bico no rabo, mas curiosamente sem um rabo no bico) com um ritmo muito curioso criado pelos Videokids.
Quem?!

Pois... na verdade nada mais de interessante fizeram, foi o chamado one hit wonder.
E que sucesso, senhores!
(e senhoras)... (e meninas)... (e meninos)... (e seres animais inusitadamente dotados de inteligência)

Foi número 1 em vários países da Europa, numa altura em que os Anos 80 piscavam continuadamente o olho ao futuro, e a palavra "video" aparecia em todo o lado.

Nasciam como cogumelos clubes de video, ganhavam cada vez mais adeptos os videojogos e até estes senhores que misturavam um rap mais pop com os saudosos sintetizadores, se chamavam... VideoKids.

Não foram longe, mas convenhamos que o vocalista da banda ter morrido de um acidente de viação em 1991, impedia novas aventuras terrenas.
Resta o espaço e os... pica-paus.

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SHOGUN

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Top Gun - Ases Indomáveis

Com 16 anos todos os rapazes queriam ser o Tom Cruise.
Não eram os tempos da Cientologia ou dos rumores que andava às voltas com o Travolta, mas aquela época em que ele cantava para as meninas "anda comigo ver os aviões".
E elas iam.

Vi o filme no balcão da SFUA, Sociedade Filarmónica União Agrícola do Pinhal Novo, possivelmente em 1987.
Ou 1988.
Ainda me lembro que vestia um daqueles blusões de ganga com pelo branco por dentro, que parecia mais do que adequado a um filme daqueles, mas que tinha sido retirado aleatoriamente do armário.
Vá lá que não calhou o robe.

Tom Cruise é "Maverick", um daqueles jovens convencidos que a vida é um cachorrinho dócil e não um cavalo difícil de domar (esta saiu-me agora), bonito, irreverente e muito bom com os aviões.
Os que pilotava no ar e os que levava para a cama.

Um(a) desses aviões era a bela Charlie, a quente actriz Kelly McGuillis, sex symbol dos Anos 80, e bandeira da causa gay mais tarde.
Belo romance e bons momentos de sedução, sem dúvida.

E, claro, trepidantes cenas aéreas, com muitas acrobacias, motores ruidosos e a rivalidade entre Maverick e Ice Man como um dos fios condutores da história.

No final do filme, enquanto descia as escadas da SFUA, olhava para as meninas com o meu melhor olhar matador e, à falta de avião, apetecia-me abrir as asas e pavonear-me como um pavão.
Mas deu-me uma cobardia de galinha e apenas fui para casa chocar sonhos com heróis, meninas bonitas e aviões maiores que aquele que conhecia do parque infantil.

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UMA CASA NA PRADARIA

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Laranjina C

Ainda sou do tempo desta borbulhante bebida bem docinha e cheia de personalidade.
A começar pela garrafinha a fazer lembrar uma laranja.
Ou um balão de ensaio.
Ou uma bomba.

Gostava muito do sabor, mas, talvez por ter dificuldade em dizer os L's, acabava a maior parte das vezes por pedir um Sumol.
Ou um Sumoe.

Os anos dourados da Laranjina C terão sido os 60 e os 70, até que apareceram cada vez mais marcas, muitas autênticas potências mundiais da laranjada, como por exemplo a Fanta. Ou a Schweppes.

Para além do sabor bem característico e da icónica garrafinha, ficou para sempre na memória o mítico anúncio que juntava animação e um irresistível solo de saxofone.
Ou trompete.
Ou corneta.
Não sei, não sou especialista em blow jobs.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Under the Boardwalk - The Drifters

Era o arquétipo perfeito da sedução inata, essência sem máscara ou filtros:
T-shirt branca, cuequinha azul e nada mais.
Estava calor e ela deslizou, copo com licor cheio de cor, até à juke box.

Clicou no 10.
"Under the Boardwalk", dos The Drifters.
Um clássico.

Ok, deixemos as imagens mais ou menos apelativas, suscitadas pelo calor deste Verão sufocante, e vamos então a este tema... de Verão.

"Under the Boardwalk" esteve para ser gravada a 21 de Maio de 1964, mas desde quando o 21 de Maio deu sorte?
Um dia antes o vocalista morria com uma overdose de heroína e a gravação teve que ser adiada.
Se calhar o dia 20 é que não dá sorte...

Gravado mais tarde, o que é certo é que esta bela batida que fala de um encontro amoroso que tem lugar no "calçadão" foi um sucesso na altura.
Se não conhece a música, aqui fica ela, enquanto a menina do copo com licor cheio de cor tira a roupa para ir tomar banho...

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A QUINTA DIMENSÃO

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Uma Cena à Senna

Já lá vai uma mão cheia de anos desde que não tenho carro.
Sinto falta do Saxo, da mobilidade, da independência, dos pioneses colocados no mapa, sempre que chegávamos, juntos, mais longe.
Mas não foi o meu primeiro carro.

A minha primeira viatura era de cor vermelha, tinha quatro rodas, claro está, e era extremamente económica.
Não gastava um tostão em gasolina, gasóleo, água ou limonada, porque movia-se com a ajuda da força das minhas perninhas roliças.
Resumindo, era a pedais.

Na foto, tirada quando tinha uns quatro, cinco anos, ou seja, lá para 1975, 1976, estou num dos saudosos baldios perto da casa dos meus pais, antes do boom da construção e do progresso ter eliminado esses espaços de brincadeira que tanto eram campos de futebol, como pistas de ciclismo ou de carrinhos.

Como era ( e já agora, continuo a ser, fujam!) um doidivanas ao volante e, fruto de uma pedalada frenética atingia velocidades furiosas, os meus pais não tinham outro remédio senão garantir a segurança de tão intrépido Senna.
Ainda antes do tempo do Senna.

Por isso aquele blusão capaz de resistir a uma explosão de um carro que não usava combustíveis, e aquele capacete quase do tempo da Primeira Grande Guerra, que me protegia para um eventual, absurdo e pouco provável capotamento.
Ou então era para andar à vontade debaixo das varandas dos prédios onde morava gente mais dada a discussões conjugais e subsequente arremesso de objectos.

Lembro-me que este... ann... diria que... mini pop... que é o que parece estar ali escrito, tinha rodas de borracha que, em terrenos mais irregulares, saíam facilmente do bordo de ferro, mas também eram facilmente recolocáveis.

Estes eram os tempos que sucederam os dos carrinhos de rolamentos, com menos rebeldia, menos aventura, mas também menos joelhos esfolados.

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OS CINCO