quarta-feira, 29 de abril de 2015

Selva de Pedra

Para além do genérico de abertura, a memória não conseguiu reter muito mais desta novela da Globo, produzida em 1986, emitida em Portugal no ano seguinte.

A abertura levava uma vez mais o selo de qualidade do mago das vinhetas Hans Donner e podia ver-se a cara de alguns dos actores em vidros espelhados em prédios que brotavam do chão.
Curiosamente a trama da novela assentou residência no Rio de Janeiro; pensava que a "selva" era S. Paulo.

Quando fui para Lisboa estudar, uns anitos depois, ainda me lembrava do termo "selva de pedra" e deambulava pela capital portuguesa como se desbravasse Nova Iorque de mochila às costas.
E o imaginário saía beneficiado com a mochila tipo Indiana Jones que levava às costas.
Que saudades dessa mochila creme com bolsas castanhas!

Bem, quanto à novela, tinha no elenco o hirsuto e talentoso Tony Ramos, José Mayer, Miguel Falabella, Fernanda Torres, Christiane Torloni, Maria Zilda e muitos outros.
Foi um remake da novela de 1972, então no tempo do preto e branco.

A história tem o habitual triângulo amoroso, os ricos e os pobre, actrizes bonitinhas e actores competentes, mas em Portugal não deixou grandes saudades, lá está, ressalvando o imaginativo genérico de abertura.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

California Girls - Beach Boys

Aqueles que bem me conhecem sabem que adoro ir à praia, que o meu cabelo é longo e louro, queimado pelo sol, e que a minha onda é cavalgar uma.
Onda.

E assim sendo, e como também todos assemelham este Abril chuvoso a um mês de Verão, temos hoje na "Juke Box" o "California Girls", dos Beach Boys, os rapazes da praia, ou os rapazes-cabra, depende da vossa pronúncia anglo-saxónica.

O mega-hit "California Girls" é de 1965.
E os Beach Boys aproveitavam para enaltecer ainda e sempre as praias da Califórnia, o sol, o sal, as ondas, o mar, o surf, a areia e as babes.
Muito daquilo que foi o dia-a-dia do Zezé Camarinha, quando ele punha o cream nas camones.

Este tema foi considerado como sendo emblemático do chamado "California Sound".
E classificado como a 71ª melhor música de sempre da revista "Rolling Stone", numa lista de 500.

Tenho em casa uma colectânea dos Beach Boys que foi das melhores coisinhas que comprei.
Isso e umas pantufas aos quadrados.

Ora, esse cêdêzinho já serviu de banda sonora para o prelúdio do que viria a ser a mais bela história de amor da minha vida.
Ela não se lembra.
Eu não me esqueço.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

O Cavalo de Ferro

Nasci, cresci, tenho vivido e provavelmente vou morrer numa terra de ferroviários.
Podia ser pior.

Também o Pinhal Novo nasceu e tem crescido à volta daquelas linhas de ferro que dividem a vila ao meio.
Eu vivo no lado norte, onde estão todos os espaços nobres, como os jardins, os bancos, a igreja, o Costa Bar, a Biblioteca... noblesse oblige.
No lado sul ficam os cemitérios.
Acho que deu para perceber o meu ponto de vista.

Como todos os petizes já fiz trinta por uma linha, mas esta foto mostra que também era uma criança bem comportada.
Ainda que com traços andróginos e com calções de trapezista do Circo Chen.

Esta foto (e o comboio que nela aparece) já antes foi publicada no blog "Máquina do Tempo" e motivou até pedidos de informação de entusiastas por aquele tipo de máquinas tchuca tchuca.
Chegaram a identificar a coisa com o nome técnico correcto, mas agora não me apetece ir à procura no arquivo de e-mail, por isso chamemos-lhe "comboio".

As melhores histórias deste vosso amigo, relacionadas com comboios, aconteceram na adolescência.
Não, não é isso que estão a pensar.

A nova estação e as passagens subterrâneas só apareceram neste século.
Antes disso passava-se por cima dos comboios que ficavam por ali.
Mesmo carregados com compras da Cooperativa.

E se não houvesse comboios, havia sempre o aliciante de ficar com um pé entalado quando as agulhas mudavam as linhas.
Uma vez fiquei com ele entalado (o pé!!) e ao longe ouvia-se o comboio a aproximar-se.
Deixei lá o ténis e afastei-me.
Depois voltei para ir buscar o que restava dele.

Brincar aos Comboios nos Tempos da Faculdade

Mas os episódios mais rocambolescos com comboios aconteceram nos tempos da faculdade.
Não, continua a não ser isso que estão a pensar.

Como sempre fui mau de horários, era usual ir a correr para o comboio e só apanhá-lo à justa ou mesmo com ele já em andamento.
Ajudava que houvesse degraus e uma espécie de varão, uma pega metálica, que ajudava a subir.

Uma vez o comboio já ganhava velocidade, mas eu tinha decidido que ia na mesma apanhá-lo.
Voei para os degraus e para o varão e, com a deslocação, fui bater com as costas na parede do comboio - sempre agarrado à pasta - e tal qual um desenho animado, voltei aos degraus, tendo depois entrado como se nada tivesse acontecido, mas com uma dor no braço e nas costas como se fosse o Corcunda de Notre Dame após um AVC.

"Melhor", entre aspas, fez o Nelson.
Numa das vezes que apanhou o comboio já em andamento, reparou que a porta estava trancada.
Ainda bateu, mas ninguém o ouviu.
Resultado: Foi ali pendurado até à estação seguinte.
Cinco minutos ao frio.
Seis e tal da manhã em pleno Inverno.

Não sei o que seria do Pinhal Novo sem comboios.
Há alguns anos que voltei a recorrer a este meio de transporte para chegar ao trabalho, desde que perdi o meu carro num acidente pateta.
Mas como aqui só se fala do "Pretérito Perfeito" isso agora não interessa nada.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Tieta

Outra rubrica em estreia no "Pretérito Perfeito", esta "Novelas do Brasil" com as melhores... novelas do Brasil.
Aposto como não estavam à espera desta.

"Tieta", baseada no romance do consagrado Jorge Amado chegou a Portugal em 1990.
O fim dos Anos 80 coincidiam como fim da minha adolescência, com o fim da Secundária e com o início de uma líbido cada vez mais activa.
Nesse sentido, "Tieta", o seu genérico, as suas personagens sensuais e libertinas, os diálogos marotos, as morenas de pernas torneadas e as dunas como divãs chegou no tempo certo.

A novela de Aguinaldo Silva é considerada por muitos, como a melhor do Brasil.
Para mim está sem dúvidas no top 5, por tudo o que escrevi acima e em especial pela sua riquíssima gama de personagens:
"Tieta", representada pela madura e sensual Betty Faria, "Osnar", o apaixonado de "Tieta" a cargo de um então jovem José Mayer, a viúva "Perpétua" numa magistral interpretação de Joana Fomm, o cómico "Modesto" do falecido Armando Bógus, que dizia para a bela Luíza Tomé "uh-uh, Carol senta aqui" e o "aqui" era o seu (o dele) colo e muitos, muito mais.

Uma rápida sinopse depois de um "copy/paste" da "Wikipédia":

"Vinte e cinco anos depois, Tieta reaparece em Santana do Agreste, rica e exuberante, decidida a se vingar da família. No dia em que chega na cidade, está sendo rezada uma missa em sua memória e Tieta interrompe a celebração, desfazendo o mal entendido. Agora, cortejada por todos, Tieta percebe que nada mudou em Santana do Agreste e que todos continuam hipócritas. A presença da ousada Tieta acaba mudando a rotina dos moradores da cidade".

No elenco, destaque-se ainda a presença da bela Lídia Brondi, uma das actrizes brasileiras por quem mais suspirei nos Anos 80 e claro, a bomba sexy que aparecia "nua, lua cheia de tesão" na mítica abertura do mago Hans Donner:
A modelo Isadora Ribeiro - que mais tarde foi companheira de Hans, e que depois também foi actriz - funcionou na novela como a dentadinha na maçã, o pecado original.

Os homens babavam a abertura e depois viam a novela com as esposas.
A parvoíce bárbara da violência doméstica nesses tempos dava-se apenas quando o Benfica perdia.

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O HOMEM AUTOMÁTICO

The Air That I Breathe - The Hollies

Estreia da rubrica "Juke Box", com este tema clássico dos The Hollies.
E clássicos não vão faltar nas próximas semanas, numa viagem para lá dos Anos 80, até aos 70's, 60's ou mesmo até antes disso, quando os nossos avós eram só os netos dos nossos trisavós.
Agora fiquei tonto.

Não consigo deixar de pensar que todas estas músicas mais melódico-hipnóticas tresandavam a substâncias psicotrópicas e daí começar a sentir-me pedrado.
Aliás basta assistir às primeiras imagens (desfocadas) deste videoclip e ver o estado sonolento do vocalista Allan Clarke, ou pior ainda a carantonha que faz o senhor que aparece ao 01:56 para a teoria ganhar lastro, mas vamos em frente.

"The Hollies" foi um grupo formado nos Estados Unidos nos primeiros anos da década de 60 que chegou a ficar só atrás dos Beatles na corrida ao sucesso.
E para dizer a verdade, se os Beatles eram de Liverpool, alguns dos membros dos Hollies eram originários de Manchester.

Em 2010 ganharam a sua estrela no Passeio da Fama e ainda tocam em festivais mais nostálgicos, embora apenas como dueto.

Este "The Air That I Breathe" é de 1969.
Desfrutemos enquanto a moca perdura.

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O MENINO DOUTOR

Bic Laranja e Bic Cristal

Houve um tempo em que se fazia Bic's à fartazana sem o menor indício de panasquice.
Era de facto normal, que um certo patrão da célebre empresa francesa de material para escritório, brindes e afins, chegasse perto de um empregado e pedisse convicto "faz-me um Bic", a que ele responderia "com todo o gosto".

Fazer um, isto é, fazer uma Bic, era fazer história.
E ficou célebre o anúncio em que as duas versões Bic, a laranja e a cristal, dançavam no pequeno ecran durante uns curtos mas inesquecíveis 20 segundos.

A Bic laranja, a da escrita fina, não era muito popular.
Quase todos usavam a Bic cristal, da escrita normal, que também servia para guardar cábulas ou projécteis de papel que ainda aleijavam quando acertavam numa nuca mais incauta.

Hoje as minhas canetas de eleição são as Uni-ball da Signo, que permitem uma escrita mais fluida, livre, diria até erótica, que Deus Nosso Senhor Todo Poderoso Pai de Todas as Coisas me perdoe.

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SARILHOS COM ELAS

Dance With Me - Alphaville

Os Alphaville eram aquele grupo com música muita gira, com um vocalista muito feio.
Ou vice-versa, depende dos gostos.

Os maiores êxitos foram o "Forever Young", lema de vida do Manoel de Oliveira, ou "Big in Japan", mas ainda houve um par de outros singles que foram sucesso na altura e que hoje são Sucessos Esquecidos.
Daí que este seja um dos raros grupos que vão passar duas vezes por esta rubrica.

Este "Dance With Me" é de 1986, ano de Mundial de Futebol no México.

Fala da possibilidade de se esquecer tudo quando dançamos com alguém que amamos, como se entrássemos noutra dimensão, como se fizéssemos parte de um sonho, enfim, mais uma aula de danças de salão nos Alunos de Apolo depois de uma noite de copos.

É uma música cheia de sintetizadores como foi regra de ouro nos Anos 80 e é um videoclip com muitas permanentes e caras maquilhadas como também era usual naqueles tempos.
Eu só nunca cheguei a usar rimel e um pouco de blush nas bochechas sarapintadas porque era caro.
Preferia comprar o jornal desportivo do dia.
Enfim, escolhas.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

A Abelha Maia

A Abelha Maia fez 40 anos, ontem, dia 01 de Abril.
Até parece mentira.

A animação alemã chegou à RTP em 1978, embalada nas vozes cristalinas da Ágata (então Fernanda Sousa) e Tozé Brito (então Tozé Brito) e foi desde logo um sucesso.
Miúdos e graúdos sentavam-se frente ao televisor para assistir às aventuras de uma das louras mais desejadas nos anos 70, a par da Farrah Fawcett.

Nesse tempo ainda a Abelha Maia não tinha sido sodomizada pelo Calimero e não consta que tivesse um caso com o gafanhoto "Flip", de quem recebia muitos conselhos.
Um parêntesis para lembrar que o "Flip" tinha como voz em Portugal o mítico Canto e Castro, um vozeirão que ainda animou muitos desenhos... animados.

No início deste ano, "A Abelha Maia" chegou ao cinema e público e crítica até foram benevolentes com a quarentona, mas é a memória de infância que prevalece quando falamos das aventuras destes simpáticos insectos "lá num país cheio de cor".

quarta-feira, 1 de abril de 2015

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SAMANTHA FOX

Aventuras no Jardim Zoológico de Lisboa

Jamais houve um dia de visita ao Jardim Zoológico de Lisboa que não tenha sido um dia feliz.
Não que goste de ver animais enjaulados mas porque me sinto livre de cada vez que lá vou.

Graças a um dos grandes amigos dos tempos de universidade, regressei lá há quatro, cinco anos, gratuitamente.
E por isso estou em dívida e de que maneira.
Porque poder visitar tantos e tão belos animais, mais para mais na companhia da Princesa, não tem preço.

Mas viajemos no tempo até aos estranhos anos 70.

Não ficava barata uma ida com a família ao zoo e no nosso caso éramos quatro.
De qualquer forma sabíamos que valeria sempre a pena o esforço, até porque era (ainda é) um dia em cheio.

Não sei se íamos de carro ou se recorríamos a outro meio de transporte, mas o importante é que chegávamos lá; e lá chegados, uma das primeiras necessidades era saber se havia lugar no parque de merendas, que ficava lá em cima, para almoçar o farnel.
De facto, não havia uma zona de restauração tão abrangente como a de hoje, mas ninguém dizia que não a umas buchas com chouriço, uns sumos, umas peças de fruta, se bem que o prato principal eram os elefantes, as girafas, os leões ou os macacos.
Nunca comi esse género de bicheza, não façam confusão.

Se tivesse que fazer um top com os animais que mais desejávamos ver, as quatro espécies descritas ali em cima fariam parte, concerteza.

Habilidades Animais

As girafas porque eram mais altas que a minha vizinha do rés do chão e porque queria ver se aquelas manchas eram mesmo sinal de problemas de fígado...

Os leões porque eram majestosos, altivos e confiantes, características que, infelizmente, pouco ou nada usam quando vestem de verde e branco.
E também pelo respeito que impunham.
Corria sempre um outro rumor que uma criancinha tinha caído lá em baixo e...

Os macacos porque viviam numa Aldeia onde não faltava a padaria, os cafés e tudo o mais, e porque insistiam em comportamentos que estavam mais do que interditos lá em casa:
Mandar restos de comida e de fezes às visitas e a masturbação em ritmo disco...

E os elefantes porque recebiam uma moedinha e em troca tocavam um sininho, ou então, quando ouviam determinado número de palmas, levantavam a tromba e imitavam os sons que ouvíamos na Assembleia da República.

Talvez acrescentasse os tigres, os ursos, os hipopótamos ou o reptilário.
Mas raramente visitávamos este último porque requeria nova aquisição de bilhetes e eu também não fazia grande questão porque saía de lá sempre acagaçado.

Nesse tempo, já o velho comboio serpenteava pelas colinas do zoo, sempre apinhado de gente doida e feliz.
Para atingir esse estado nirvânico, lá se largavam mais uns escudos.
E o mesmo se queríamos levar aquelas fotografias que procuravam a todo o custo impingir à entrada.

Hoje, compreendendo que se possa considerar um bilhete caro, nunca será demais ressalvar que a entrada inclui o tal passeio de comboio, o reptilário, a alimentação de aves, e salvo erro também o teleférico e as exibições das focas e golfinhos.
E se é assim, tenho mesmo que lá voltar em breve, quiçá recorrendo desta vez à promoção de pontos da BP, passe a publicidade.

Nunca se deve voltar ao lugar onde fomos feliz?
Treta.


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MICHELLE PFEIFFER