quarta-feira, 24 de junho de 2015

Uma Cena à Senna

Já lá vai uma mão cheia de anos desde que não tenho carro.
Sinto falta do Saxo, da mobilidade, da independência, dos pioneses colocados no mapa, sempre que chegávamos, juntos, mais longe.
Mas não foi o meu primeiro carro.

A minha primeira viatura era de cor vermelha, tinha quatro rodas, claro está, e era extremamente económica.
Não gastava um tostão em gasolina, gasóleo, água ou limonada, porque movia-se com a ajuda da força das minhas perninhas roliças.
Resumindo, era a pedais.

Na foto, tirada quando tinha uns quatro, cinco anos, ou seja, lá para 1975, 1976, estou num dos saudosos baldios perto da casa dos meus pais, antes do boom da construção e do progresso ter eliminado esses espaços de brincadeira que tanto eram campos de futebol, como pistas de ciclismo ou de carrinhos.

Como era ( e já agora, continuo a ser, fujam!) um doidivanas ao volante e, fruto de uma pedalada frenética atingia velocidades furiosas, os meus pais não tinham outro remédio senão garantir a segurança de tão intrépido Senna.
Ainda antes do tempo do Senna.

Por isso aquele blusão capaz de resistir a uma explosão de um carro que não usava combustíveis, e aquele capacete quase do tempo da Primeira Grande Guerra, que me protegia para um eventual, absurdo e pouco provável capotamento.
Ou então era para andar à vontade debaixo das varandas dos prédios onde morava gente mais dada a discussões conjugais e subsequente arremesso de objectos.

Lembro-me que este... ann... diria que... mini pop... que é o que parece estar ali escrito, tinha rodas de borracha que, em terrenos mais irregulares, saíam facilmente do bordo de ferro, mas também eram facilmente recolocáveis.

Estes eram os tempos que sucederam os dos carrinhos de rolamentos, com menos rebeldia, menos aventura, mas também menos joelhos esfolados.

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