segunda-feira, 14 de setembro de 2015

O Pelé do Bairro

O mais perto que estive de ser um Cristiano Ronaldo foi quando participei nos treinos de captação para Juvenis do Pinhalnovense.
Não fiquei.
Primeiro, porque era já o segundo ano de juvenis, eles tinham uma base, e eu era basicamente uma nódoa nos treinos nocturnos porque já não via um boi.

O mais longe que estive de ser um Pelé, ou um Messi, foi na Primária e no Ciclo Preparatório, quando era o último a ser escolhido, a menos que fosse o dono da bola.
Nesses casos era o penúltimo.

Pelo meio, houve muitas e boas histórias.
As primeiras só para a fotografia, como na foto acima, de 1975 ou 1976, tirada no que era o Largo José Maria dos Santos, o actual Parque do Pinhal Novo.

Jogar à bola foi sempre a minha brincadeira preferida.
Depois da escola e até à hora de jantar, jogava-se com balizas pequenas, feitas com as mochilas ou com pedras, ou até com dois gordos inaptos para a coisa.

Jogava nas ruas, nos rinques, debaixo dos eucaliptos junto à linha férrea, na escola,na praia, em terraços e até dentro de casa naquilo que deveriam ser intermináveis tardes de pesadelo para os vizinhos do 2ºdto, o andar de baixo.

E tanto joguei que hoje posso dizer que cheguei a ser o Pelé do bairro.
Aquele que marcava golos atrás de golos, dono de uma velocidade que "deixava a bola para trás", como dizia o meu pai, ou como uma "gazela, como me chamavam os outros.

Jogos que valeram campeonatos

Mas os mais renhidos jogos eram os mano-a-mano.
Como a expressão indica, jogava um para um com o meu... irmão, aqui em casa.
Ou contra o primo Carlitos também no mesmíssimo corredor de tantas batalhas e contra o primo Zé, num terraço numa rua de vivendas.

O auge desta carreira atrás dos holofotes da fama foi por volta de 1987.
O FC. Porto tinha o Futre e tinha o caneco de campeão europeu, e eu fintava os outros meninos como o homem que agora faz publicidade a comprimidos para a erecção e marcava golos de calcanhar como o o argelino Madjer, o homem que agora faz não sei o quê.

E houve também uma fase, alegre, bizarra, de quase inaudita exuberância, em que juntava às mais espantosas jogadas o grito louco "SUPER TÉO!!"

Mas... que raio...

Eu explico:
"Téo" era personagem de um dos meus actores-fétiche brasileiros, Marcos Frota, na saudosa novela "Vereda Tropical", ou pelo menos era uma das transformações do "Teozinho", porque acho que era como "Cazuza" que ele jogava futebol com o "Luca"/Mário Gomes.

Mas o que interessa era que cada vez que marcava um golo, lá para meio da década de 80, junto aos eucaliptos , lá soava o grito "Super Téo".
Convenhamos que é mais engraçado que a posse à matador de CR7.
E olhem que seria apropriado, porque o antigo matadouro era ali ao lado.

Sem comentários:

Enviar um comentário