segunda-feira, 26 de outubro de 2015

The Riddle - Nik Kershaw

A letra deste sucesso esquecido dos Anos 80 merecia uma aula de Semiótica com o Professor Luís Carmelo.

Carmelo foi meu professor na Universidade Autónoma, e a impertinência e delírio da suas aulas foi o mais perto que cheguei das drogas duras.

Este "The Riddle" (enigma, em tradução livre) tem umas 993 palavras e outras tantas ideias difusas que, de acordo com o próprio Nik, não têm significado algum.

Ainda assim, graças à paciência, poliglotismo e a inusitada vontade de se voluntariar como escriba do primo Carlitos, aka "Carocha", que um dia chegou lá a casa com umas folhas A4 com a letra desta e de outras musiquinhas pop da altura, cheguei a ter esta canção na ponta da língua.
O mal é que depois usava a garganta para entoá-la desafinadamente.

Tema de 1984, "The Riddle" resultou num vídeo ainda mais espatafúrdio que a letra, não esquecendo que o próprio Nik contribui para o kitsch do quadro, com aquele cabelo espetado e aquele olhar à caçador de lebres do Polo Norte.

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ASTÉRIX

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

A Pena Branca


Esta podia ser a história de uma índia ainda mais bonita que a Pocahontas, mas não é.
O que se segue é um exercício de escarafunchanço na memória, no sentido de relembrar o que significava para os petizes pinhalnovenses a mítica Papelaria Pena Branca.

Tem graça este texto seguir-se a um "Poster" do Tio Patinhas, porque este era, sem dúvida alguma, um dos templos Disney no início dos saudosos Anos 80.

Eram os dourados tempos do Ciclo Preparatório - ainda hoje aqueles que considero os mais felizes de sempre - e a Pena Branca ficava logo ali, do outro lado da estrada.
E não havia, como agora, todas estas restrições para quem queria sair da escola e empaturrar-se com os chupas, pastilhas elásticas e mil outras guloseimas que um senhor vendia numa mota ali estacionada e onde, ainda assim, o que se destacava era a excitante corrida às cadernetas de cromos.
Lembro-me das colecções de cromos da bola, dos desenhos animados da tv e até de uma obscura colecção de kung fu que tinha muito saída.

Em matéria de guloseimas, para além das pastilhas elásticas Gorila e Pirata, dos Sugus e sei lá mais o quê, eram os gelados em cubo que faziam as delícias dos putos e entupiam a pequena Papelaria.
Os gelados, de sabores simples, eram feitos ali mesmo e guardados numa arca frigorífica, e não haá quem se tenha esquecido destes mimos de uma outra existência.

As Dezenas de Edições Disney e Outros Sonhos

Um dos objectos que tenho mais saudades dos Anos 80 é aquele expositor giratório com revistas Disney.
Tenho tantas saudades que doem e, vá lá, são mitigadas em sonhos infelizmente raros e, por isso mesmo, preciosos.

Sei que as revistas Disney estão de volta às papelarias e quiosques, mas não me falem disso que não tenho tempo nem espaço para explicar que não é, de todo, a mesma coisa.

Dantes é que era!
Juntavam-se as edições brasileiras com as primeiras portuguesas, e havia Zé Cariocas, Patos Donald, Tios Patinhas, Mickeys, Patetas, Almanaques, Disneys Especiais e numa cadência regular de novas edições como se a fábrica fosse eterna, como se chovessem gibis, como dizem os brasileiros.
Era possível comprar uma revista nova praticamente todo o santo dia, houvesse orçamento para isso.

E também havia algumas Mónicas, Cebolinhas e afins, e os heróis Marvel, mas eu queria era aquela familia de patos, ratos, cães, papagaios e muitos outros que se vestiam e falavam como as pessoas.

Em resumo, com a falta do muito que a memória apagou, a Pena Branca era uma casinha branca por fora e colorida de sonhos por dentro.
No Inverno havia guarda-chuvas de todas as cores, no Verão, bóias, barbatanas e outras coisas de praia ainda mais coloridas e a lembrar que as Férias Grandes estavam quase aí.

E havia aquelas borrachas coloridas com cheirinho a pastilha elástica.
Se fizesse um top com os objectos mais fofinhos dos Anos 80, estas borrachinhas que davam vontade de comer, ou pelo menos snifar como se fossem estupefacientes, estavam lá em cima, muito bem classificadas.
E também havia na Pena Branca.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Nescafé - Um Amanhecer Diferente

A escola, em meados dos Anos 80, não era um trabalho, mas não deixava de proporcionar momentos de stress, em especial quando na mesma semana havia testes de matemática, de história, inglês e fisico-química.

Para além do mais, por esta altura, já tinha perdido a aura de brilhar nos testes sem estudar uma pevide, como acontecera no Ciclo Preparatório.
Junte-se uns pais controladores das notas do teste como se fossem uma Standard & Poors, e obtemos um estudante à beira do psicólogo.

Mas depois havia este anúncio.

Ao mesmo tempo desanuviador do stress do quotidiano e espaço zen dos blocos publicitários, "Nescafé - Um Amanhecer Diferente" tinha uma menina bonita, um café quentinho, um nascer do sol fofinho e Johnny Nash a cantar "I Can See Clearly Now".

Inesquecível!

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TINTIN