segunda-feira, 19 de outubro de 2015

A Pena Branca


Esta podia ser a história de uma índia ainda mais bonita que a Pocahontas, mas não é.
O que se segue é um exercício de escarafunchanço na memória, no sentido de relembrar o que significava para os petizes pinhalnovenses a mítica Papelaria Pena Branca.

Tem graça este texto seguir-se a um "Poster" do Tio Patinhas, porque este era, sem dúvida alguma, um dos templos Disney no início dos saudosos Anos 80.

Eram os dourados tempos do Ciclo Preparatório - ainda hoje aqueles que considero os mais felizes de sempre - e a Pena Branca ficava logo ali, do outro lado da estrada.
E não havia, como agora, todas estas restrições para quem queria sair da escola e empaturrar-se com os chupas, pastilhas elásticas e mil outras guloseimas que um senhor vendia numa mota ali estacionada e onde, ainda assim, o que se destacava era a excitante corrida às cadernetas de cromos.
Lembro-me das colecções de cromos da bola, dos desenhos animados da tv e até de uma obscura colecção de kung fu que tinha muito saída.

Em matéria de guloseimas, para além das pastilhas elásticas Gorila e Pirata, dos Sugus e sei lá mais o quê, eram os gelados em cubo que faziam as delícias dos putos e entupiam a pequena Papelaria.
Os gelados, de sabores simples, eram feitos ali mesmo e guardados numa arca frigorífica, e não haá quem se tenha esquecido destes mimos de uma outra existência.

As Dezenas de Edições Disney e Outros Sonhos

Um dos objectos que tenho mais saudades dos Anos 80 é aquele expositor giratório com revistas Disney.
Tenho tantas saudades que doem e, vá lá, são mitigadas em sonhos infelizmente raros e, por isso mesmo, preciosos.

Sei que as revistas Disney estão de volta às papelarias e quiosques, mas não me falem disso que não tenho tempo nem espaço para explicar que não é, de todo, a mesma coisa.

Dantes é que era!
Juntavam-se as edições brasileiras com as primeiras portuguesas, e havia Zé Cariocas, Patos Donald, Tios Patinhas, Mickeys, Patetas, Almanaques, Disneys Especiais e numa cadência regular de novas edições como se a fábrica fosse eterna, como se chovessem gibis, como dizem os brasileiros.
Era possível comprar uma revista nova praticamente todo o santo dia, houvesse orçamento para isso.

E também havia algumas Mónicas, Cebolinhas e afins, e os heróis Marvel, mas eu queria era aquela familia de patos, ratos, cães, papagaios e muitos outros que se vestiam e falavam como as pessoas.

Em resumo, com a falta do muito que a memória apagou, a Pena Branca era uma casinha branca por fora e colorida de sonhos por dentro.
No Inverno havia guarda-chuvas de todas as cores, no Verão, bóias, barbatanas e outras coisas de praia ainda mais coloridas e a lembrar que as Férias Grandes estavam quase aí.

E havia aquelas borrachas coloridas com cheirinho a pastilha elástica.
Se fizesse um top com os objectos mais fofinhos dos Anos 80, estas borrachinhas que davam vontade de comer, ou pelo menos snifar como se fossem estupefacientes, estavam lá em cima, muito bem classificadas.
E também havia na Pena Branca.

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