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terça-feira, 7 de abril de 2020

Sol de Inverno - Simone (1965)

Quem não gosta do sol de inverno?
Aquela carícia quentinha do astro rei, na nossa cara gelada como um iglo de esquimó, é um dos prazeres bem lusitanos, a par da bica na esplanada ou espreitar o rabo da Dânia Neto.

Não é do tempo dos nossos avós, mas quase, esta pérola escrita por Jerónimo Bragança, com que Simone de Oliveira venceu o Festival RTP da Canção em 1965, o segundo da história.
Ela que também haveria de ter um segundo momento de glória, poucos anos depois.

A canção fala de um relacionamento terminado, o que parece ser um dos temas mais recorrentes para desatar a cantar,

No Festival de há 55 anos, Simone concorreu contra ela própria (também levou ao palco "Silhuetas ao Luar") e Artur Garcia, Madalena Iglésias e António Calvário.
Calvário cantou três, Garcia e Simone duas, e Madalena uma, num total de oito canções a concurso.
Ou seja, todos os quatro ases da canção nacional da altura, os quatro reis da rádio, estiveram em competição.
Já agora, diga-se que "Amor", de Artur Garcia, ficou em 2º e Madalena Iglésias com "Silêncio Entre Nós", em 3º.

Na Eurovisão, Portugal ficou-se pelo 13º lugar, com apenas um ponto.
Mas isso foi inveja dos outros europeus que não tinham, não têm e vão continuar a não ter, o nosso Sol de Inverno.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Oração - António Calvário (1964)

Última rubrica de uma série de 16, desta 1ª fase do "Pretérito Perfeito".
E já lá vai quase um ano com recordações dos melhores anos das nossas vidas.

Em "Festival da Canção" a ideia é recuperar as canções vencedoras dos primeiros 30 anos do Festival RTP da Canção, quando as famílias ainda se reuniam na sala para sorver tintim por tintim do espectáculo: intérpretes, figurinos, orquestrações, apresentadores e até as votações das capitais de distrito.

Desta vez, a publicação da rubrica não seguirá um critério aleatório mas sim cronológico, com todos os vencedores a passarem por aqui, entre 1964 e 1993.

Antonio Calvário venceu em 1964.
Rezam as crónicas que era um dos galãs da época e dono de uma voz portentosa, o que liga bem com este "Oração", algo entre um fado e uma prece ao Senhor.

Eram ainda os dias do governo ditatorial e caduco de Salazar, e da Santíssima Trindade, não a do Pai, Filho e Espírito Santo, mas a dos "3 Efes", Fado, Futebol e Fátima.

De facto, a canção poderia ter se chamado "Mouraria" ou "Golo", que para o ditador beirão seria a mesma coisa.

Mas não para os mais esclarecidos.

"Lá fora", a canção foi presenteada com 0 pontos, chegando mesmo a ser apupada em Copenhaga.

Mais sorte teve Calvário, apesar do nome.

Antes já tinha sido "Rei da Rádio" e depois a carreira prosseguiu, até ser mesmo repescado para as lides artísticas nos anos 90.

Daqui por dois anos assinalará 60 anos de carreira.
A voz, já não é a mesma, e as estranhas colorações do seu cabelo relegam-no para a categoria de "Bizarrias do Passado" e apagam os últimos resquícios de estrelato.
É a vida.