sábado, 28 de março de 2015

Pepsi, o Sabor de Vencer

Para mim esta foi a melhor música de anúncio de publicidade nos Anos 80.

Estávamos em 1987 ou 1988 e cada vez que dava este anúncio quase todos cantavam em coro porque a melodia é, de facto, muito bonita, assertiva e empolgante.

No intervalo das transmissões dos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, ouvir esta música e esta letra que ainda todos recordam era qualquer coisa de épico.
E parece-me que ainda hoje, ouvir bem afinadinho este "tenta conseguir o que julgas melhor, anda para a frente e lá chegarás", funciona muito melhor para levantar o ânimo do que encher o organismo de anti-depressivos.

Durante algum tempo da minha adolescência, tal como navegava contra a corrente sendo da "esquerda mais à esquerda", sendo do Sporting em vez do Benfica, ou até preferindo ídolos mais alternativos do cinema e da música aos que toda a gente gostava, também houve um par de anos em que julguei preferir a Pepsi à Coca-Cola.
Achava eu que assim demonstrava ter personalidade própria mas, já se sabe, um teenager inconsciente raramente sabe o que faz.

Posso garantir sim, que há muitos anos que não ouço alguém pedir uma Pepsi, e tenho pena.

Mas com este anúncio a Pepsi ganhou a eternidade.

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MICHAEL J. FOX

Os Sucessos Esquecidos dos Anos 80

Ouvir na rádio, assim do nada, uma música que não ouvíamos há anos, mas que tanto ouvimos na década de 80 é uma das surpresas mais reconfortantes para um nostálgico.

É verdade que com estações de rádio como a Nostalgia e a M80 (cujos links pode encontrar na coluna da esquerda) esses momentos tornaram-se menos raros, mas penso que esta rubrica do "Pretérito Perfeito" poderá também ser uma boa experiência neste âmbito.

Ao longo dos últimos anos fui apontando nomes das musiquinhas que fizeram sucesso nos anos 80, mas que raramente se ouvem nas rádios, mesmo naquelas dedicadas aos anos 70 e 80.

Depois foi chamar a troika de volta.

Calma, refiro-me às minhas recordações + informações do Google e da Wikipédia + o precioso auxílio do You Tube para trazer de volta o som e a imagem.
Isto se os sacanas dos direitos autorais (estou a brincar) não levarem à deletagem (inventei esta agora) do vídeo, como já me aconteceu em anteriores blogs.

Assim, posso dizer que esta rubrica já tem em lista de espera sete pessoas para serem operad... perdão, já tem em lista de espera quase 70 temas, para além dos quatro já publicados.

Lembra-se do picapau do espaço dos Videokids? Dos Flock of Seagulls? Dos Kraftwerk? Do "J'Aime la Vie" da Sandra Kim? Da "Lambada" dos Kaoma? Do "Comanchero"? Do "Papa Don't Preach" da Madonna? De tantas músicas que poucas ou nenhumas vezes ouvimos desde que tocaram nas pistas de carrinhos de choque?

Pois bem, as mais emblemáticas e esquecidas vão passar por aqui, numa das rubricas que mais gosto e que chamei "Sucessos Esquecidos dos Anos 80".

Por isso não vai encontrar aqui o "Final Countdown", o "Take on Me" ou o "Thriller", porque esses e outros mega sucessos ainda vamos ouvindo, e vão ficar para segundas núpcias aqui no "Pretérito".

Pronto, por agora é isto.
Já podem voltar ao que estavam a fazer.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Russians - Sting

O Inverno já acabou mas não serei só eu a sentir no ar um certo clima de guerra fria.
O conflito na Ucrânia entre ucranianos e separatistas pró-russos, mais uma ou outra desavença naquele antigo império de czares que só o Nuno Rogeiro saberia explicar, trouxe de volta a memória dos dias da cortina de ferro.

Em 1985, Sting estreou-se a solo com o álbum, "The Dream of the Blue Turtles"que deve ter sido um nome engendrado depois do cantor britânico ter inalado substâncias malucas.
Dentro do álbum, este belíssimo "Russians" concorria ao título de "Hino da Guerra Fria".

A canção não toma partido e explica que na política ninguém tem o monopólio do senso comum, até porque "russians love their children too".
Que é como quem diz em português "a raposa voadora cheira a sovacos podres".
Aprendam inglês comigo que eu não duro sempre.

Curiosamente, neste mesmo ano, Gorbachev chegava ao poder e, mais tarde, com a perestroika, nada seria como dantes.
Assim esperamos.

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ANDRE AGASSI

sexta-feira, 20 de março de 2015

Doses de Quadradinhos

Os estudos sobre toxicodependência ainda não são conclusivos mas parece que quando se desfolham revistas de Walt Disney liberta-se uma essência capaz de inebriar mais os sentidos do que se ficássemos fechados num elevador com o Jorge Palma.

É que só isso explica porque, ainda hoje, sempre que adquiro um novo lote destas velhas revistas, logo trate de empilhar as ditas obedecendo a um conjunto de regras esquizofrénicas ; no fundo, as mesmas que utilizo nas mais faustosas refeições: os melhores pedaços para o fim e a sobremesa como cereja no topo do bolo.
O que não significa necessariamente um bolo de cereja.
Adiante.

Se for feliz o suficiente para ter a meu lado uma pilha de revistas Disney por ler, então é certo e sabido que as revistas mais fininhas serão as primeiras a ser aviadas.
Primeiro os Patos Donald e Zé Cariocas, depois os Mickeys e os Tios Patinhas, seguindo-se os mais variados almanaques, os Almanaques Disney propriamente ditos e, finalmente, os Disney Especiais.

Depois sim, a leitura.
Mas ao invés do viciado em drogas duras, tudo isto é consumido devagar e indolentemente, degustando tudo com prazer, enquanto se ouvem acordos de cítaras e recitais de gaitas de foles e camelos e serpentes
fazem o amor em espirais multicolores que sobem e descem torpemente.
Sim, eu sei que devia procurar ajuda especializada.

As Revistas Disney não se Vendem em Smartshops

Por vezes recorria a 'dealers' para ter acesso a novas doses... de revistas.
Mas, nestes casos, o que acontecia era que eu cedia toda a dro... todo o meu espólio de revistas, e eles o deles. 
Trocavam-se colecções inteiras e sobre isso falarei noutra altura nesta rubrica "Geração Tio Patinhas".

O material sempre foi melhor quando provinha do Brasil.
Depois, quando o que era produzido pela Abril foi sendo, gradualmente, substituído pelo que era cá produzido pela Morumbi, a qualidade foi se deteriorando, até que a Disney morreu com a Impresa.
Renasceu com a Goody, mas já não é a mesma coisa.

Restam as feirinhas de velharias para ter acesso a... novas doses.
Por enquanto ainda não comecei a roubar os meus pais, ou a vender os móveis lá de casa, para satisfazer o vício.
Mas não sei o dia de amanhã.

sábado, 14 de março de 2015

Poltergeist

Agora que passam três minutos da meia-noite e deixou de ser Sexta-Feira 13, penso que já é seguro escrever as próximas linhas.
Ainda assim, estou a tremer que nem varas verdes...
Mas vamos lá.

Muito antes das série de filmes horrendos "Pesadelo em Elm Street", "Sexta-Feira 13", e do queixo da Teresa Guilherme, houve isto.
"Isto" era "Poltergeist ", um filme que em 1982 assustou mais as criancinhas que os míticos Papão, Homem do Saco e aquele senhor com bochechas que liderava o PS.

Eu tinha 11, 12 anos quando cada vez mais miúdos, principalmente aqueles que já tinham mais penugem na cara, segredavam coisas horríveis sobre este filme medonho que misturava terror, fantasmas, espiritismo e muita gritaria.

É claro que já tínhamos tido a experiência de assistir a "O Exorcista" que tinha o Diabo a dar a volta à cabeça - literalmente - da Linda Blair, uma algaraviada de palavrões vomitados a torto e a direito e o vómito propriamente dito, mais para mais num verde fluorescente... mas tudo o que fosse filme de arrepiar os cabelos era desejado como um prazer sádico, proibido, logo apetecido.

Claro que vi o filme, mas não me lembro de grande coisa.
E nem vendo o trailer surripiado ao You Tube consigo descortinar motivo para tanto cagaço, para além de muitas cenas com objectos arrastados e ventania da grossa.
Sim, os tornados são uma coisa séria, mas pensava que os americanos já estivessem habituados a isso.

De qualquer forma, não consigo escrever, com honestidade, que não acredito em espíritos do além.

Desde que comecei a escrever estas linhas, o computador encravou três vezes, a luz foi-se abaixo e no quarto ao lado, o cão não pára de uivar.
E eu nem sequer tenho cão.

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FUTRE

sexta-feira, 13 de março de 2015

Joãozinho e a Cabra Mágica

Como 2015 é o Ano da Cabra, resolvi publicar esta foto como parte da rubrica "O Pequeno Johnny".
Para que saibam quem é quem, a cabra está a subir o monte.

Não sei precisar em que sítio do Pinhal Novo foi tirada esta foto, nem quantas birras fiz para vestir aquelas jardineiras, mas vamos por partes.

Não me lembro de existir um Badoka Park no Pinhal Novo, portanto, esta foto, não foi tirada num parque temático nem numa quintinha pedagógica, coisinha inventada muitos anos depois para mostrar às criancinhas dos computadores que são as galinhas que metem os ovos e que os coelhos não são todos de chocolate.

O que leva de novo à temática dos terrenos baldios, o que, a ser o caso, inclui um monte com uma cabra de guarda.
Ou será um bode?
(post it mental: visitar uma quintinha pedagógica)

Já agora, a meio do texto, convém referir que o facto da cabra já ter desaparecido é mesmo a única coisa mágica que se pode atribuir ao caprino em causa, mas sempre deu um título todo catita, quase de livro infantil.
Não é um porquinho com flores no lombo, mas pronto.

Quanto à roupinha que me vestiam, tenho andado seriamente a pensar se constitui motivo para levar os meus pais a tribunal por danos irreparáveis quanto ao prestígio, decoro e roupa susceptível de criar problemas de infertilidade.
Um amigo advogado diz-me que estes possíveis crimes já prescreveram.
Bolas.

Uma ressalva:
O pullover de gola alta amarelo é bem giro.
De resto, o amarelo foi a minha cor preferida durante a maior parte da minha infância.
Eu não disse que era perfeito, o Pretérito é que foi.

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MADONNA

quinta-feira, 12 de março de 2015

A Patinadora da Martini

Era eu um adolescente com hormonas em pré-motim, quando esta menina apareceu a patinar na televisão fazendo com que desejasse casar com ela.

De acordo com pesquisas efectuadas na internet e na Torre do Tombo (embora a patinadora nunca tivesse caído), este velho anúncio será de 1987.

A menina de patins, Nicollette Sheridan, tinha 34 anos, e viria a construir uma razoável carreira de actriz ( e possivelmente também atrás) participando inclusive na série "Donas de Casa Desesperadas".
Hoje, já vai nos 51 aninhos e duvido que patine a não ser que conduza depois de emborcar cinco garrafas de Martini.

Nos anos 90, eu próprio fui um apreciador de Martini, o Bianco e o Rosso, quiçá procurando a sofisticação que uma bejeca jamais poderia oferecer... mas ninguém se impressionou pelos meus feitos etílicos, de tão fraquinhos foram.

No anúncio, a menina dos patins (antecessora da menina da bilha da Galp) patina de um lado ao outro da cidade, passando por ginásios ao ar livre, filmagens de cinema e depois...
Depois, aos 20 segundos desta versão que não é a original, tem uma cena de elevador que é das imagens mais eróticas que ficam dos Anos 80.

Era só um ligeiro menear de anca e uma mãozinha que dança, mas foi o suficiente para que passasse a ser fã dos Campeonatos do Mundo de Patinagem Artística.

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MICHAEL JACKSON

Posters de um Pretérito Perfeito

Mesmo que gostos não se discutam, neste blog - até porque por enquanto sou eu que faço tudo - prevalece o meu gosto muito particular.
Ou peculiar, cá está, depende do gosto.

Neste sentido, sempre imaginei que o "Pretérito Perfeito" ficaria mais bonito assim, com grandes imagens nostálgicas como separadores entre postagens, a que chamei "Posters".

Os posters eram uma verdadeira instituição nos Anos 80, e até antes nos 70 e depois nos 90.
A revista "Bravo" - que era uma muito melhor importação alemã que os actuais conselhos da chanceler Merkel - tinha sempre posters muito disputados pelos jovens desses tempos, e era mais do que certo que havia sempre posters dos Duran Duran atrás da porta do quarto das meninas e outros mais... ann.. desinibidos, da Samantha Fox, atrás da porta dos quartos dos meninos.

Neste início de aventura aqui no "Pretérito", serão publicados 16 fotos/posters de figuras que marcaram os Anos 80 em diversas áreas de entretenimento mas, lá está, que reflectem o meu gosto muito particular.
Ou peculiar...

Constituem, praticamente, todo o lote de, vá lá, ídolos que tinha nesses anos de borbulhas.

Finda esta série, as postagens vão ser intercaladas com fotos dos filmes dessa década, mantendo sempre a designação "Posters".

Falta escrever que, de vez em quando, voltarei ao blog para novas explicações sobre como esta aventura está estruturada.
Basta que fiquem atentos ou que acedam aos marcadores "Guia do Pretérito Perfeito".

Como diria aquela voz of irritante daquele programa-bordel na TVI, "é tudo, por agora".

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JULIA ROBERTS

We All Stand Together - Paul McCartney

Sabíamos que já estávamos nos Anos 80 quando víamos sir Paul McCartney cantar com sapos em vez de Beatles.

Este "We All Stand Together", também conhecido como a "canção dos sapos", foi uma autêntica pedrada no charco, o que é uma imagem apropriada.

Naqueles tempos os sapos faziam sucesso por todo o lado.
Ainda ecoava na memória o "Eu vi um Sapo" da Maria Armanda e já tínhamos um ex-Beatle não assassinado com esta musiquinha.
Isto para além daquele jogo de arcada em que tínhamos de ajudar um sapo a atravessar uma estrada cheio de trânsito e dos rumores que os franceses comiam perninhas de rã.
O que não sendo bem a mesma coisa, também faz um barulho do caraças à noite, se vossemecê viver perto do campo.

Habituados ao pop-rock do mais certinho dos Beatles, deliciámo-nos com este tema infantil que foi, no entanto, coisa séria.
Disparou nos tops de todo o mundo, tendo alcançado o 3º lugar do top britânico e, apesar de ser um tema de 1984, a 04 de Maio de 1985 estava ainda num sólido 5º lugar no top português!

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QUEEN

terça-feira, 10 de março de 2015

Regresso aos Dias Felizes

estação dos caminhos de ferro do Pinhal Novo, anos 80

Em 1985 poucos sabiam o que raio era a internet.

Gastavam-se horas frente à televisão a ver a novela brasileira "Roque Santeiro" ou a portuguesa "Chuva na Areia", a tal em que o Caniço perde o pirilau.
Assistíamos também a nova leva de piadas do Herman com "Hermanias", sucessor de "O Tal Canal", ou o policial-cómico "Duarte e Companhia".

Na música Madonna e Michael Jackson dominavam e o Live Aid juntou uns 525 cantores por uma boa causa.

Ainda nos divertíamos com os cubos mágicos, mas os mini games da Nintendo começavam uma história que ainda não terminou.

No desporto, a 10 de Março, Cristiano Ronaldo tinha pouco mais de um mês mas já dava 37 toques com a chupeta e o FC. Porto e o Benfica disputavam o campeonato o que deprime um sportinguista que constata que nesta área nada mudou...

Ramalho Eanes era o Presidente da República e Mário Soares o 1º Ministro, até Novembro. Seguiu-se... Cavaco Silva, que anda há 30 anos nisto, sendo que só pareceu estar vivo nos primeiros quatro.

Fomos ao cinema ver "Os Goonies", "A Jóia do Nilo", "África Minha" ou o meu filme fétiche, "Regresso ao Futuro", em que Michael J. Fox entra num DeLorean e viaja trinta anos no tempo, de 1985 a 1955.
E assim começa a nossa história.

Um Blog com o Melhor dos Anos 80 e de Outros Anos Dourados

Paradoxalmente vai ser a internet, quase desconhecida em 1985, a nossa máquina do tempo para voltarmos atrás 30 anos tal como Marty McFly.

Esta maravilha tecnológica, que permite encontrar amigos no Japão e que ao mesmo tempo nos afasta dos mais próximos, tem sido utilizada pelos nostálgicos inveterados para recuperar, reviver, compilar e partilhar tudo o que nos fazia felizes em matéria de filmes, músicas, histórias, fotos de infância.

O "Pretérito Perfeito" não é apenas mais um blog dedicado à nostalgia.

Foi planeado com paixão nos últimos anos, tem secções absolutamente inéditas na internet e, acima de toda e qualquer diferença, sendo "o meu blog", é certo que as recordações serão apresentadas com um humor de uma patetice atroz, inclusive com referências às (tristes) figuras públicas dos dias de hoje.

O primeiro post/texto deste blog foi publicado a 17 de Fevereiro, exactamente com a mesma frase desta postagem que marca a divulgação/inauguração oficial desta aventura ("Em 1985, poucos sabiam o que raio era a internet") e centenas de outros se seguirão dentro de mais alguns dias, com recordações musicais, televisivas, cinematográficas, publicitárias e, entre tantas outras, recordações pessoais, estórias de infância, memórias de um puto agora com mais de 40 anos, que finalmente sabe como viajar no tempo, voltar atrás 30 anos e descobrir que houve um Pretérito Perfeito.

Bem vindos!

segunda-feira, 9 de março de 2015

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MAITÊ PROENÇA

Tahiti Duche

Uma musiquinha que ficava no ouvido, espuma marota em corpos bonitos e caixinhas coloridas que cheiravam a Polinésia.
A memória ri como uma menina num baloiço quando ouve as palavras "Tahiti Duche".

Exactamente há 30 anos, em 1985, experimentámos duches assim, quase sensoriais, e, mesmo sozinhos - porque aos 14 anos ainda não levava miúdas para a banheira - delirávamos com estas caixinhas que libertavam os aromas do Tahiti no nosso wc, onde só faltavam as palmeiras e, lá está, aquela gente festiva e bonita que aparecia no anúncio francês.

Melhor que a expressão "Tahiti Duche", repetida vezes sem fim e sem nunca enjoar, só a adenda "Tahiti Duche... com monói".
Ui, o "monói" é que rebentava com as monas fantasiosas de então!!
Uma caixinha com um líquido colorido, cheiroso, polinésio e impregnado de "monói", que só podia ser uma espécie de canábis em gel, a avaliar pela forma como levitávamos no duche!

Pois diz que existe mesmo.
O "monói" é um óleo obtido quando se macera as flores de tiaré (ui! continua místico!) em óleo de côco.
Só para que saibam.

Com o tempo, o Tahiti Duche (diz que aquele preto era o mais intenso de todos), foi desaparecendo das prateleiras dos nossos supermercados, mas, em França, ainda faz sucesso.
Por cá, não faço ideia do que é que se usa hoje em dia em matéria de géis, porque só tomo banho quando chove.
E, vá lá, na véspera de Natal.

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SUPERMAN

Os Pequenos Vadios e os Últimos Baldios

Na primeira metade dos anos 70, o Pinhal Novo ainda tinha muitos espaços assim: terrenos baldios que depressa seriam tomados por prédios de habitação, comércio e serviços, numa cavalgada desenfreada rumo a um futuro de cidade ou, por enquanto, de vila com milhares de pessoas que transpiram, mal respiram e expiram sonhos como aquela roupa que deixa de servir por nos alambazarmos ao jantar.

Mas antes de crescermos eu e o Pinhal Novo tivemos uma infância feliz.
Feita de jogos de apanhada, escondidas, com bola, sem bola, nas obras, nas silvas, nos telhados, nos pátios, enfim, na rua.

A rua era onde o pequeno Johnny deixava a sua eterna zona de conforto e desafiava a timidez natural com a vontade de viver aventuras como as que via na televisão ou nos livros de banda desenhada.
Aventuras controladas parentalmente, pelo menos enquanto não era maior que aquele anão feio da Ilha da Fantasia.

Na foto, devo ter três, quatro anos e visto uma roupinha de circo, como se fosse o filho do Homem Bala, que os anos 70, já se sabe, não deixaram saudades em relação a figurinos kitsch devotos do Deus Exagero, divindade que poderia ser representada por um tipo de bigode, patilhas, farta cabeleira e calças à boca de sino.

Sónia e Miguel

Aquele exacto ponto que piso com os pequenos sapatinhos de fivela (ou pouco mais à frente) é hoje o local onde fica a casa da Sónia e do Inácio, que também já não é bem a casa deles, obrigados como outros a deixarem as suas zonas de conforto para viverem aventuras, mas daquelas que pouco vemos na televisão e nunca vimos na banda desenhada.
Ali fica hoje, também, o Millenium BCP, um dos bancos que já deu caldeirada em Portugal, o que é apropriado porque antes esteve ali um restaurante.

Ao fundo, para além de um senhor que leva o filho consigo, na bicicleta, vê-se o prédio onde, no 2º andar, fica a casa dos pais do Miguel, que foi também do Miguel e dos amigos, que ele não fechava a porta a ninguém.

Conta a lenda que era um jovem com dotes de Homem Aranha e que aproveitava aquela espécie de empena aos buracos ao lado da varanda, para saltar dali para o telhado da casa vizinha e depois descer por aqueles travessões na janela da casa do lado.
Ou então subia assim, quando se esquecia da chave.
Ou então ainda, agia assim... porque sim.

Seja como for, nesta altura da foto nem conhecia o Miguel, a Sónia, o Inácio ou mesmo o Nelson.
Uns ainda nem sequer tinham nascido, outros tinham acabado de nascer tal como o Pinhal Novo que, em matéria de construção ainda só gatinhava com sapatinhos de fivela.

domingo, 8 de março de 2015

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CLAUDIA SCHIFFER

Dartacão

"Muito antes de te conhecer já adorava Dartacão".
Esta é frase mais badalhoca e ao mesmo tempo mais facilmente desculpável para dizer à sua mulher ou à sua namorada.
Se a coisa correr bem é certo que os vizinhos vão ouvir gritos doidos e unhas a riscar o soalho; se a coisa correr mal, antes de levar com um chinelo em cima, pode argumentar que estava a falar de um dos mais memoráveis desenhos animados da sua infância.

A adaptação canina da obra de Alexandre Dumas mais comentada por treinadores de futebol egocêntricos foi exibida em 1983, aos sábados de manhã.
Foram apenas 26 episódios, mas o suficiente para que os trintões e os quarentões de hoje jamais esquecessem as aventuras do pequeno Dartacão com os Três Moscãoteiros, o malvado Cardeal Richelião e a bela Julieta.

Apesar de Julieta ser a namorada do nosso herói e, pior ainda, ser uma cadela, não evitava que - numa fase da minha vida que coincidia com o agridoce advento da puberdade - eu deixasse de desejar namorar com uma cade... que eu pudesse um dia ter uma namorada assim.
Mas nunca tive uma namorada com focinho de cão e vai ser daquelas coisas que hei-de lamentar no leito de morte.

Uma das principais imagens de marca desta série de animação foi, sem sombra de dúvida, a música do genérico, que chegou a fazer parte da colectânea "As Melhores Canções Infantis", editada em 2005.
É esse tema que fica aqui em baixo para recordarmos aqueles tempos de precoces canzanas.

quinta-feira, 5 de março de 2015

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ZICO

Cambodja - Kim Wilde

Já o escrevi noutros blogs, e repito aqui com a certeza que não será a última vez:
Kim Wilde era uma das mulheres mais sexy nos Anos 80 e raro era o adolescente que não tinha um poster desta loura atrás da porta.

A bela britânica era uma espécie de princesa da pop, uma Grace Kelly ligada à corrente, uma gata, como se dizia antes.

Os Anos 80 iam a meio quando comecei a gostar a sério das músicas de Kim Wilde, cuja carreira não iria durar muito mais tempo.
Cortesia do primo Zé, ainda cheguei a ter uma cassete com os quatro ou cinco maiores êxitos de Kim. E nela não estava este "Cambodja".

Era um tema que repousava numa zona pantanosa da memória, ouvido vagamente lá por casa da avó Catarina ou nas imediações do Ciclo Preparatório, onde estava a geração seguinte, admirada e temida pelos putos da Primária, como eu.

Graças a Mr. You Tube, pude voltar a ouvir este hipnótico e belo tema da bela Kim.
É de 1981 e aparece em todo o lado como "Cambodia".
Mas eu prefiro escrevê-lo "Cambodja".

No entanto aceito o pagamento de uma viagem ao sudeste asiático -com passagem obrigatória pela Tailândia para massagens e assim - para que possa tirar as dúvidas a limpo.

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KIM BASINGER

O Fascínio Disney

Não me recordo quando tudo começou, mas terá sido no final dos anos 70.
O amor pelas revistas de Walt Disney foi à primeira vista; ou melhor, à primeira leitura.

Cresci com as aventuras do Mickey e do Tio Patinhas, com as piadas do Donald e do Pateta e até com as tortas de maçã da Vovó Donalda.

Grande parte dos meus conhecimentos de infância e até do início da adolescência - excepto a parte do sexo, embora o pato Donald esteja nu da cintura para baixo - foram bebidos com sofreguidão de revistas em quadradinhos com  ratos, patos, cães e muitos outros animais falantes e vestidos como gente. 
E mesmo assim acho que a minha infância tem um quociente de disfuncionalidade bastante inferior à de qualquer criança que tenha tido um pai ou uma mãe na "Casa dos Segredos".

A escola foi importante sim, mas aprendi tanto ou mais por aqui que, gritá-lo aos quatro ventos envergonharia o Crato e a Trindade.

Parte dos meus primos aprendeu a ler comigo e com tão divertida cartilha, e o mesmo posso dizer em relação ao meu irmão. 
O meu sobrinho, para grande tristeza minha, prefere jogos de computadores e música de pretos e depois não tenho filhos e os gatos não sabem ler.

O vício por estas revistas era tanto que cheguei a roubar para as ler.
(e isto foi mesmo verdade e um dia será aqui contado, neste blog e nesta rubrica, aguardem...)
Não foi preciso acompanhar o José Carlos Pereira numa clínica especializada para afugentar adições descontroladas porque inevitavelmente cresci e as mamas e rabos ocuparam toda a parcela do cérebro dedicada aos fétiches.

De novo leitor, fã e colecionador

Até que há cerca de 10 anos - numa fase cinzenta da minha existência, daquelas com direito a olhar vazio e comprimidos para encher... os bolsos dos psiquiatras - voltei a pegar numa dessas bolorentas revistas de infância.
Primeiro estranhei, depois entranhei e por enfim entreguei... a alma ao Criador.
Deus Disney tinha reconquistado mais uma ovelha tresmalhada e eu voltava a ser fiel aos quadradinhos lidos no final de cada duro, stressante e adulto dia.

Recuperei algumas revistas perdidas e comecei a frequentar feirinhas de antiguidades, alfarrabistas, sótãos recônditos, pombais abandonados e enxovais de velhas gaiteiras.

Hoje tenho mais de 200 dessas revistas, a maior parte com 30 anos ou mais em cima, numa reconstrução de um império juvenil que alimenta o meu lado Peter Pan.

Esta "Geração Tio Patinhas" é a rubrica do Pretérito Perfeito" dedicada ao fascínio das revistas Disney. 
O meu e o de todos os outros que jamais esquecerão este universo encantado.