sexta-feira, 20 de março de 2015

Doses de Quadradinhos

Os estudos sobre toxicodependência ainda não são conclusivos mas parece que quando se desfolham revistas de Walt Disney liberta-se uma essência capaz de inebriar mais os sentidos do que se ficássemos fechados num elevador com o Jorge Palma.

É que só isso explica porque, ainda hoje, sempre que adquiro um novo lote destas velhas revistas, logo trate de empilhar as ditas obedecendo a um conjunto de regras esquizofrénicas ; no fundo, as mesmas que utilizo nas mais faustosas refeições: os melhores pedaços para o fim e a sobremesa como cereja no topo do bolo.
O que não significa necessariamente um bolo de cereja.
Adiante.

Se for feliz o suficiente para ter a meu lado uma pilha de revistas Disney por ler, então é certo e sabido que as revistas mais fininhas serão as primeiras a ser aviadas.
Primeiro os Patos Donald e Zé Cariocas, depois os Mickeys e os Tios Patinhas, seguindo-se os mais variados almanaques, os Almanaques Disney propriamente ditos e, finalmente, os Disney Especiais.

Depois sim, a leitura.
Mas ao invés do viciado em drogas duras, tudo isto é consumido devagar e indolentemente, degustando tudo com prazer, enquanto se ouvem acordos de cítaras e recitais de gaitas de foles e camelos e serpentes
fazem o amor em espirais multicolores que sobem e descem torpemente.
Sim, eu sei que devia procurar ajuda especializada.

As Revistas Disney não se Vendem em Smartshops

Por vezes recorria a 'dealers' para ter acesso a novas doses... de revistas.
Mas, nestes casos, o que acontecia era que eu cedia toda a dro... todo o meu espólio de revistas, e eles o deles. 
Trocavam-se colecções inteiras e sobre isso falarei noutra altura nesta rubrica "Geração Tio Patinhas".

O material sempre foi melhor quando provinha do Brasil.
Depois, quando o que era produzido pela Abril foi sendo, gradualmente, substituído pelo que era cá produzido pela Morumbi, a qualidade foi se deteriorando, até que a Disney morreu com a Impresa.
Renasceu com a Goody, mas já não é a mesma coisa.

Restam as feirinhas de velharias para ter acesso a... novas doses.
Por enquanto ainda não comecei a roubar os meus pais, ou a vender os móveis lá de casa, para satisfazer o vício.
Mas não sei o dia de amanhã.

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